Sete palmos de terra e um caixão - Josué de Castro


Das abas do livro (2ª Edição, 1967):

JOSUÉ DE CASTRO era o representante do Brasil na Conferência do Desarmamento de Genebra quando foi surpreendido com o decreto da cassação de seus direitos políticos. Não sendo um político de grande projeção no Governo passado ou que nele tivesse exercido Uma influência muito marcada, a sua cassação pareceu a muitos incompreensível. 
Na realidade, era a sua obra que atraía sobre ele a ira das forças que subiram ao poder com o movimento de Abril de 1964 — esta mesma obra que, traduzida em 19 idiomas e divulgada no mundo inteiro numa tiragem que hoje alcança mais de um milhão de exemplares, fez de Josué de Castro um vulto de imensa projeção internacional. 



Os seus trabalhos foram considerados, no campo da alimentação, tão revolucionários quanto os de Copérnico no domínio da astronomia. Ele denunciou a fome universal como uma praga fabricada pelo homem e não como um fenômeno natural, mostrando a inconsistência e o falso das teorias neomalthusianas, que visam apenas a defesa das minorias privilegiadas contra os interesses autênticos das maiorias espoliadas, as grandes massas deserdadas do mundo subdesenvolvido.
Escritor, cientista e professor universitário foi ele o pioneiro no Brasil dos estudos científicos sobre alimentação, tendo realizado em 1933 o primeiro inquérito levado a efeito para apurar as condições de vida de nosso povo. Natural de Recife, impressionou-se com a miséria em que vivia a maioria de sua população, atormentada pela fome. A princípio deu expansão à sua sensibilidade em obras de ficção, contos hoje reunidos em seu livro "Documentários do Nordeste" nos quais retratou com impressionante vigor literário a tragédia daquele povo.
A fome passou a ser o objetivo de seus estudos. Passou a estudá-la cientificamente, tal como ela se manifesta em nosso país, publicando sua conhecida obra "Geografia da Fome"; para, em seguida aplicando o seu novo método de trabalho sociológico em escala universal, apresentar o seu livro "Geopolítica da Fome", que teria imensa repercussão internacional. 
Seu livro foi laureado pela Academia Americana de Ciências Políticas com o prêmio Franklin D. Roosevelt e ao mesmo tempo pelo Conselho Mundial da Paz com o prêmio Internacional da Paz, evidenciando assim tratar-se de uma obra profundamente humana elaborada acima das posições partidárias e das intolerâncias políticas. A Associação Brasileira de Escritores e a Academia Brasileira de Letras também laurearam a obra de Josué de Castro com os prêmios Pandiá Calogeras e José Veríssimo.
Mas Josué de Castro não se limitou a publicar o seu grande livro "Geopolítica da Fome". Dedicou toda sua vida ao estudo deste flagelo, publicando os trabalhos nos seus outros volumes de ensaios — o de Biologia Social e o de Geografia Humana, trabalhos que lhe valeram ser eleito em 1951 para o alto cargo de Presidente da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (F.A.O.), e acaba de publicar seu último ensaio sobre o Nordeste, "Sete Palmos de Terra e um Caixão". É a lista de seus livros que vêm chamando a atenção de nosso povo sobre um grave problema do nosso país que parece não merecer a devida atenção dos nossos governantes, o da situação de miséria e atraso em que vivem milhões de brasileiros, principalmente no Nordeste do nosso país.
Os seres humanos são muito propensos a querer ignorar ou considerar do domínio da utopia os problemas que não podem resolver ou que lhes parecem de difícil solução. Afora o seu valor científico e literário, aí reside o sentido prático da obra de Josué de Castro; o de chamar a atenção de nosso povo para um problema cuja solução não comporta mais delongas.

Camillo Pellizi
DON FERNANDO DE OLIVEIRA:
Vous ovibliez que des milliers, des millions, d'Indiens brûleraient pour l'éternité en enfer, si les Espagnols ne leur apportaient pas la foi.
DON ÁLVARO DABO:
Mais des milliers d'Espagnols brûleront pour 1'éternité en enfer, parce qu'ils seront allés au Nouveau Monde.
DON BERNAL DE LA ENCINA:
Comme si, bien avant Grenade, on n’aimait pas 1'or!
DON ÁLVARO DABO:
On aimait For parece qu'il donnait le pouvoir et qu'avec 1e pouvoir on faisait de grandes choses. Maintenant on aime le pouvoir parce qu'il donne l'or et qu'avec cet or on en fait de petites.
Henry de Montherlant
Dans la pièce "Le Maître de Santiago"