CONVÊNIO INCRA/FAO
“O desenvolvimento rural é, em primeiro lugar, um encadeamento de transformações técnicas, ecológicas, econômicas e sociais. Convém entender a sua dinâmica passada e as suas contradições presentes para prever as tendências futuras.”
Marc Dufumier, Les projets de développement agricole – Manuel d´expertise
O diagnóstico dos sistemas agrários não é um fim em si mesmo, mas uma ferramenta. Seu principal objetivo é contribuir para a elaboração de linhas estratégicas do desenvolvimento rural, isto é, para a definição de políticas públicas, de programas de ação e de projetos (degoverno, de organizações de produtores, de ONG's, etc.).
O diagnóstico deve trazer respostas a perguntas importantes, tais como:
quais são as práticas técnicas, sociais e econômicas dos agricultores e os seus sistemas de produção;
quais são as razões que explicam a existência dessas práticas; quais são as suas principais tendências de evolução;
quais são os principais fatores que condicionam essa evolução; quaissão os principais problemas que vêm enfrentando;
como se pode contribuir para superar esses problemas; quais seriam os sistemas de produção e os tipos de produtores mais adequados à sociedade?
Essas questões se aplicam, evidentemente, ao caso dos assentamentos mais antigos, nos quais os produtores já implantaram ou estão implantando seus sistemas de produção.
Mas, nos assentamentos mais recentes ou na elaboração de projetos de assentamentos novos, o diagnóstico pode também ser útil.Esquematizando, o diagnóstico deve permitir:
a) fazer um levantamento das situações ecológica e sócio-econômica dos agricultores;
b) identificar e caracterizar os principais tipos de produtores (familiares, patronais, etc.) e os principais agentes envolvidos no desenvolvimento rural (comércio, empresas de integração,bancos, agroindústrias, poder público, etc.);
c) identificar e caracterizar os principais sistemas de produção adotados por esses diferentes produtores, as suas práticas técnicas, sociais e econômicas e os seus principais problemas;
d) caracterizar o desenvolvimento rural em curso, isto é, as tendências de evolução da agricultura na região;
e) identificar, explicar e hierarquizar os principais elementos - ecológicos, sócio-econômicos, técnicos, políticos, etc. - que determinam essa evolução;
f) realizar previsões sobre a evolução da realidade agrária;
g) sugerir políticas, programas e projetos de desenvolvimento e ordenar as ações prioritárias;
h) sugerir indicadores de avaliação dos projetos e dos programas.
O diagnóstico deve ser rápido e operacional, tendo em vista garantir a sua aplicabilidade no desenvolvimento rural. Mas deve ser, também, científico, não apenas descrevendo arealidade, mas sobretudo, explicando-a.